Estado inicia força conjunta para acabar com demanda reprimida de exames

Largada foi dada neste sábado, 25, e realizará 200 procedimentos por semana, o dobro da demanda regular, zerando a demanda reprimida ainda este ano

Equipe da Saúde posa com garotinho que está sendo atendido por profissional médica com exame de ecocardiograma Foto: Junior Aguiar/Secom

Dores no estômago causavam desconforto e dificuldade de concentração em sala de aula para as irmãs Tamila e Taís Lima, de 17 e 18 anos, respectivamente, moradoras do bairro Santa Inês. E essa condição perdurou até que a mãe, Antônia Lima, 45 anos, procurasse a Unidade de Pronto Atendimento do Segundo Distrito, em novembro de 2018, para marcar consulta seguida de um agendamento de endoscopia para as duas, na Fundação Hospitalar do Estado do Acre (Fundhacre).

Secretário de Saúde, Alysson Bestene e a secretária-adjunta de Saúde, Paula Mariano, estiveram na Fundhacre para acompanhar primeiros exames da demanda reprimida, neste sábado, 25 Foto: Junior Aguiar/Secom

Um ano e dois meses depois, neste sábado, 25, as jovens finalmente puderam ser examinadas pelo Serviço de Atendimento Diagnóstico (Sadt), da Fundhacre, graças a um esforço conjunto da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e do corpo médico de especialistas da Fundação comprometido em ampliar o atendimento sem comprometer a demanda regular diária.

Secretário Alysson Bestene e presidente-interino da Fundhacre, Marcelo Lima, conversam com pai do menino Victor Hugo, que foi submetido a exame de ecocardiograma Foto: Junior Aguiar/Secom

Se essa sensibilidade dos gestores da Sesacre e dos profissionais da Fundhacre não estivesse acontecendo, é bem provável que as adolescentes ainda tivessem de esperar por mais um ano para serem examinadas. A ideia é que em três ou quatro meses a demanda reprimida por milhares de exames seja desafogada, zerando a fila do diagnóstico , a exemplo do que já vem sendo feito com as cirurgias eletivas.

Antônia Lima, mãe das meninas Tamila e Taís, em conversa com o secretário de Saúde, Alysson Bestene; filhas fizeram exames de endoscopia Foto: Junior Aguiar/Secom

Esse novo alinhamento com os profissionais de Saúde é uma recomendação do próprio governador Gladson Cameli, e permitirá que, de agora em diante, sejam realizados por semana pelo menos 200 exames de colonoscopia, ecocardiogramas adulto e pediátrico, endoscopia e eletroencefalograma, entre outros exames, reduzindo gradativamente a demanda reprimida numa média de mil exames por mês até que a fila de exames, que remonta a 2017, seja totalmente zerada.

Antônia Lima, mãe das adolescentes Tamila e Taís, de 17 e 18 anos, esperava desde 2018 para exames de endoscopia nas filhas Foto: Junior Aguiar/Secom

Visivelmente feliz, ao encontrar o odontólogo Alysson Bestene, secretário titular da Sesacre, a diarista Antônia Lima fez questão de explicar a sua condição.

“Meu esposo tem problema na coluna cervical por conta de um acidente de trabalho quando era cobrador de ônibus. Está encostado por um salário mínimo e eu só ganho R$ 50 por dia, quando tem roupa pra engomar ou casa pra limpar. Então quando podíamos (sic) pagar uma endoscopia particular? Nunca”, afirmou, em tom de agradecimento.

Garotinho Rhyan Gabriel com a mãe, Maria Rafaela, aguardam para ser logo atendidos na sala de ecocardiograma Foto: Junior Aguiar/Secom

Bestene esteve na unidade na manhã deste sábado para verificar in loco os novos atendimentos. Participaram também da visita a secretária-adjunta de Saúde, Paula Mariano, e Marcelo Lima, presidente-interino da Fundhacre.

“Serão 100 exames a mais na rotina dos profissionais da Fundação Hospitalar, o que é extremamente importante para dar vazão às nossas filas de exames, haja vista que há pessoas que desde 2017 estão aguardando. Então o governador Gladson Cameli pediu que tenhamos um olhar sensível para a população e isso que estamos fazendo, trazendo dignidade e respeito por nossos pacientes”, pontuou Alysson Bestene.

Crianças são prioridades na ecocardiografia

Pelo menos 521 crianças serão atendidas com exames de ecocardiogramas, que começaram neste sábado. A demanda é considerada pequena diante de outros tipos de exames, mas não menos importantes.

Tanto que crianças como o garotinho Rhyan Gabriel, de onze meses, foi um dos primeiros a ser levado para a sala, onde uma médica iria avaliar o seu coraçãozinho, com suspeita de que tenha um ‘sopro’ como se chama popularmente uma má formação no órgão.

Secretário Alysson Bestene em visita à Fudhacre, que começou neste sábado, 25, os exames da demanda reprimida Foto: Junior Aguiar/Secom

“Estou na fila com ele desde fevereiro. E agora, graças a Deus, chegou a nossa vez. Não sei quanto mais iria esperar”, diz a mãe do menino, a dona de casa Maria Rafaela de Lima Costa, de 32 anos.

O garotinho Victor Hugo esperou muito mais. Há dois anos, ele aguardava para fazer exame igual ao de Rhyan. “Mamãe, aqui, tá tum-tum-tum”, disse o menino à mãe, por vários dias seguidos, enquanto levava a mão direita ao peito esquerdo até que Maria Eronildes, de 39 anos, entendesse que seria melhor levá-lo ao médico. “Hoje, estamos aqui. Vai dar tudo certo, porque Deus vai abençoar o Victor Hugo e as pessoas desse hospital”, disse a mãe.

Médicos atenderão até no terceiro turno

Edson Lumier, gerente do Serviço de Atendimento Diagnóstico da Fundhacre, afirma que o terceiro turno, que começará às 17 horas, também será usado para a realização de exames a partir de semana que vem.

“Nestes primeiros dias, estaremos realizando com maior intensidade os exames de ecocardiograma pediátrico e os de endoscopia. E já a partir de segunda-feira, 27, começaremos os exames de ecocardiograma adulto e as ultrassonografias abdominais e das chamadas partes moles do corpo”, explica Lumier.

Famílias esperam para ser atendidas na antessala dos exames na Fundhacre; demanda reprimida começou a ser atendida Foto: Junior Aguiar/Secom

Segundo o gerente, quando assumiu o setor, em 2 de fevereiro do ano passado, já fazia dois anos que o equipamento flexível para a realização de exames de broncoscopia estava quebrado.

“O aparelho foi consertado e, em muito breve, estará em funcionamento também o de broncoscopia do tipo rígido. São exames de alto custo na rede privada [até R$ 7 mil um único exame] que serão feitos por nós a custo zero para os pacientes”, lembra o gerente.